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O que é a justiça que tanto defendemos?

Publicado em: 08/Dez/2017, em Coluna JF

Hoje é comemorado o Dia da Justiça. Achei oportuno o momento para refletir sobre o significado da palavra justiça. Trabalho há décadas criando serviços para a classe dos advogados e já me deparei com diversos casos. Em todos, a busca por esta palavra chamada justiça. Há uma célebre frase de Theodore Roosevelt sobre o tema que representa muito o que venho aqui dividir:

"A justiça não consiste em ser neutro entre o certo e o errado, mas em descobrir o certo e sustentá-lo, onde quer que ele se encontre, contra o errado".
As pessoas buscam incessantemente pela felicidade. Ela pode ser entendida também pela palavra justiça. Cada um tem sua noção do que é certo para suas vidas, ou seja, existem milhares de interpretações sobre o que é ser justo. Na minha opinião, é algo que anda intimamente com as emoções, os sentimentos, as nossas expectativas sobre as pessoas e as situações ao longo de nossa vida. 

Quantas vezes presenciei processos judiciais aos quais eram apenas um apelo por amor, carinho, atenção. Talvez, em sua maioria, uma boa e sincera conversa resolveria todo esse conjunto de desentendimentos. E por trás dessa falta de entendimento, afetos não correspondidos, medo, raiva, mágoa, incompreensão mútua. 

Todas essas decepções, baseadas na expectativa individual, nas suas crenças e avaliações morais vão amplificando os abismos entre todos nós. Não vemos uns aos outros como continuação e sim como separação e ameaça.

As redes sociais deixaram tudo ainda mais evidente. Além de tornarmo-nos mais "corajosos" para insultar e humilhar, julgamos como se juízes de causa fôssemos. E assim a palavra justiça vai confundindo-se com opiniões e pontos de vista. Como disse, o certo e o errado é diferente a cada um, mas a maneira como viramos justiceiros implacáveis ao não suportarmos nossas próprias limitações, opiniões contrárias, impondo a responsabilidade por nossas frustrações nas costas do outro, nos fez regredir.

A justiça luta contra a desigualdade e tenta promover a harmonia e a união. Mas, e nós? Qual a nossa responsabilidade na melhoria da justiça no nosso dia a dia e no mundo como um todo?
Reclamamos da corrupção mas não devolvemos o troco errado ou chamamos todos de irmãos e somos os primeiros a virar o rosto para alguém que pede por comida. Que justiça é essa que vale somente para os demais?

O Dia da Justiça é hoje, amanhã, foi ontem. Precisamos refletir sobre nossos atos e os resultados deles para nossas vidas e a vida do próximo. Contamos, sim, com a justiça, com o Poder Judiciário. Mas por que não mediarmos um passo anterior a este, praticando mais a empatia e menos o julgamento e a responsabilidade alheia por algo que é meu?